Design Thinking – como ser criativo com ele?
Falar sobre criatividade ou técnicas para processos criativos com design thinking com certeza é desmistificar e subverter alguns conceitos populares que acabam modificando a forma que lidamos com esse assunto.
Por isso, iniciaremos esse artigo com um questionamento: será que todo mundo pode ser criativo?
Inegavelmente, na maioria das vezes o que escutamos por aí sobre esse assunto é que “criatividade é coisa de artista”, “criatividade é um dom”, “boas ideias surgem de repente”.
Mas será que essa é a forma mais justa e honesta para pensar sobre isso o será que deveríamos partir de algo mais simples, considerando que todos somos criativos?
Ao refletirmos sobre a ideia de Maslow, citada acima, podemos chegar a conclusão que nós não desenvolvemos a criatividade ou a compramos em uma promoção. Nós nascemos assim. Somos criativos por natureza. E com o passar dos anos a mudança de hábitos ou a permanência deles é que determinará o grau de criatividade de cada um.
É muito comum vermos uma criança imaginando histórias, criando amigos imaginários, desenvolvendo reinos fantásticos para brincar. E a partir desses exemplos, podemos afirmar que a criatividade não é; ela está!
Em outras palavras, quando falamos de criatividade, estamos falando daquilo que estamos ou não estimulando. Quando deixamos de ser crianças abandonamos muitos dos hábitos criativos e agora, como adultos, temos dificuldade para fazer, ou não conseguimos encaixar em nossa rotina.
No entanto, podemos usar os processos de Design Thinking para nos ajudar a estimular e resgatar nossas habilidades criativas. Olha só:
A fórmula para a criatividade
Antes de mais nada, vale lembrar que não existe uma receita de bolo para ser criativo. Até temos alguns guias para nos direcionar nesse caminho, mas nada que faça com que a criatividade simplesmente apareça!
Em outras palavras, para Jobs o segredo ou a receita de bolo, estava mais atrelada ao fato de se manter focado (faminto pela busca) a fim de fazer aquilo que deseja (inocente e aberto às possibilidades), e não de fato a uma receita com um processo mágico.
De acordo com o Oxford Languages, criatividade é um substantivo feminino que tem como definição:
- Qualidade ou característica de quem ou do que é criativo.
- Inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc.
Ou seja, ser criativo é resolver situações complexas ou sem resolução momentânea, utilizando os conhecimentos que temos somados aos recursos disponíveis para atingir um objetivo. Em outras palavras, a criatividade é fruto de um acúmulo de experiências somada a situação cotidiana que geram resultados criativos.
Portanto, podemos afirmar as soluções e conclusões propostas serão diferentes de pessoas para pessoas. Além disso, partindo do fato da criatividade ser um “processo de estar”, é imprescindível estimularmos nosso modo de pensar e agir.
Ficou muito difícil de entender? Então vamos avaliar os exemplos abaixo:
Em todas as situações apresentadas anteriormente podemos observar que a criatividade está relacionada a bagagem de vida mais uma situação momentânea.
Como exemplo, vamos levar em consideração a situação da batedeira adaptada com a furadeira. Com certeza a pessoa que teve essa ideia já conhecia o funcionamento de ambos os recursos, apenas preciso assimilar os movimentos e colocá-los em prática.
Mas calma, não basta misturar tudo e achar que é criatividade…
Agora que já está claro para todos nós que criatividade é algo que deve ser estimulado e não fruto de receitas de bolo, o que devemos fazer para voltar a sermos criativos?
A resposta está na própria pergunta: temos que fazer.
É a partir dessa ideia apresentada por Brason, sobre fazer, errar, aprender e seguir, que traremos os princípios do framework do Design Thinking.
1- Bloqueio do sucesso
Só que antes de falarmos sobre Design Thinking, precisamos quebrar alguns bloqueios que desenvolvemos naturalmente ao longo da vida e que dificultam a nossa experimentação criativa.
Nota-se que falamos em experimentação, porque criatividade vai além de um ato de estar e estimular, mas também é um ato de experimentar.
Na citação acima, temos um clássico bloqueio que está associado ao fato de querermos chegar mais rápido ao ponto final de forma perfeita. O problema é que se não atingirmos as expectativas que geramos sobre aquele final teremos nossa criatividade restrita, muitas vezes acreditando que não chegaremos ao resultado final.
Nesse sentido está tudo bem falhar, até porque nem toda falha é uma falha de fato, afinal se repetirmos o mesmo processo teremos aprendido algo que o fará ser mais rápido, mais fácil, mais prático e isso é um ganho.
2- Bloqueio do Gabarito
Do mesmo modo que a pressa interfere na criatividade, quando falamos de nos contentarmos com qualquer possibilidade também restringimos nossa criatividade.
Se pararmos na primeira solução que chegarmos ou na primeira ideia, por mais que ela esteja válida, nunca saberemos se fomos longe demais. Nós precisamos ir até a ponta do precipício para sabermos que fomos longe demais, ou seja, nunca saberemos se testamos o bastante ou pensamos o bastante sobre algo se não formos além da primeira ideia.
3 – Bloqueio do tesão
Talvez esse seja o conceito mais fácil de entender, já que ninguém quer fazer algo que não motiva ou que não considere legal. Principalmente porque a grande maioria das pessoas não faz o que não está afim.
Para exemplificar o que estamos falando observe o gráfico abaixo:
Assim sendo, percebemos que existem duas forças – habilidades e desafios – e que o equilíbrio entre elas é o local em que devemos estar para termos um motivador para nossas tarefas.
Afinal, quando nos é exigida muita habilidade, mas temos poucos desafios, nos encontraremos no tédio. E, pelo contrário, quando pouca habilidade é exigida, mas o desafio é alto, ficamos ansiosos.
Agora vamos ao que interessa: Design Thinking e como ele pode nos ajudar.
Design Thinking – O que é?
Literalmente, o termo significa “pensamento do design” ou “pensar como designer”, isto é, a maneira de pensar que os designers encontraram para propor soluções para os desafios do dia a dia.
Em outras palavras, Design Thinking é uma forma de pensar que integra o que as pessoas querem, o que é tecnologicamente possível e o que é economicamente viável.
Essa forma de pensar ou framework, é pautada em 3 pilares:
- Empatia: processo de se colocar no lugar do outro para entender suas dores e o que essa pessoa precisa para sua necessidade.
- Colaboração / cocriação: é o processo de estar de fato pensando em conjunto, seja para a solução de um problema, ou para ideias. É o processo de ouvir e ser ouvido.
- Experimentação: é testar, testar e continuar testando. Pesquisar novas formas, ouvir de outros uma nova solução e ideia e colocar em prática.
Fluxo de Design Thinking
Olhando para o fluxo acima, podemos entender melhor como o Design Thinking nos ajuda a estimular a criatividade em nosso dia a dia.
Quando falamos do processo de entendimento, temos destacados os processos de pesquisa e definição. É nessa etapa que definimos o que será feito, qual o escopo da demanda e como iremos aplicar as pesquisas que forem necessárias.
Se retomarmos o exemplo do início do texto, em que falamos o que era criatividade, a etapa de entendimento corresponderia ao processo da situação momentânea, ou seja, o que está acontecendo que precisa de ação.
Seguindo o fluxo, temos o processo de exploração, no qual temos destacado a ideação e prototipação. Podemos dizer que é aqui que vamos materializar nossas ideias e de fato “vermos como ela fica”. Mais uma vez, considerando nosso exemplo anterior, esse segundo passo seria o processo de olhar para o passado, verificar a nossa bagagem cultural e entender o que poderíamos aplicar e testar.
Por fim, temos a etapa de materialização, considerada a fase de teste, de “subir em produção”, verificar se aquilo que imaginamos inicialmente irá funcionar.
Atenção: notem que o processo não acaba na etapa de materialização, justamente por isso ele é exemplificado como um ciclo, visto que o processo provavelmente será feito e refeito, sempre que necessário, para garantir a geração de valor ao final de cada ciclo.
Abaixo você encontra algumas técnicas que podem auxiliar durante os processos:
- POV – Point of View
- Declaração do Problema
- Reenquadramento
- Mapa de stakeholders
- Storyboard
- Canvas
- Brainstorming
- Prototipação
- Entrevista
- 5 por mês
- Um dia na vida
- Personas
- Critérios norteadores
- Diagrama de afinidades
- Jornada do usuário
- Mapa mental
Dicas de “sucesso”
Para finalizar, vale reforçar algumas dicas e aprendizados que tivemos ao longo do texto.
- Lembre-se que a criatividade é um ato de experimentar e de estar. Que devemos sempre estimular aquilo que queremos retornar ao que já existiu, afinal, todos já fomos crianças e fazíamos isso de forma muito natural.
- Quando associamos o processo de criatividade ao de design thinking estamos facilitando nosso dia a dia, reforçando que a criatividade é um ciclo que devemos sempre estimular.
- Grandes ideias não vêm espontaneamente: as vezes tudo que precisamos é de fato não pensar no que queremos fazer para que as conexões com os aprendizados passados sejam feitas e ajudem a solucionar um problema, ou dar indícios do que pode ser testado.
- Mente vazia é oficina do Criativo: sim, vale mudar o ditado popular só para enfatizar que sim, devemos nos livrar do problema para assim pensar nele, ou seja, tudo bem em deixar de pensar em algo, além do mais quando nos permitimos ter momentos “sem fazer nada”, conseguimos deixar ideias mais claras. Atividades físicas e tarefas mecânicas, motoras (dançar, pintar, correr, andar de bicicleta, lavar louça) são ótimas para esses casos.
- Ressignifique a palavra criatividade para você: repensar é uma tarefa de reeducação daquilo que acreditamos, mas de fato é um processo que pode ajudar a desmistificar esse assunto e com isso cada vez mais poder abraçar como sendo pertencente a você também.
- Rabisque, corte, cole, apague, desista e volte a fazer de novo: a etapa de testar, tanto para design quanto para criatividade é a mesma, experimente coisas novas, arrisque e tudo bem se não der tão certo quanto imaginou, afinal o que é dar certo mesmo? Pode fazer e experimentar quantas vezes forem necessárias.
- Questione e seja questionado: aprenda em quem você pode confiar para lhe dar feedbacks, questione seu trabalho, o exponha para que seja questionado e tenha a chance de perceber coisas que antes não havia notado. Isso ajuda a melhorar suas visões sobre o que projeta, e ajuda a identificar o que pode mudar no processo para atender você.